
Um levantamento divulgado pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) nesta segunda-feira (21) revelou um dado que causou grande repercussão: 19 estudantes beneficiados com bolsas dos programas Universidade Gratuita e Fumdesc em 2024 pertencem a famílias com patrimônios superiores a R$ 200 milhões .
O caso mais chamativo é o de um bolsista cuja família declarou um patrimônio de R$ 855 milhões — um valor que coloca em xeque a real condição socioeconômica exigida para acesso ao benefício. O TCE ressalta que esses dados são apenas os casos com patrimônio acima de R$ 200 milhões, mas o número total é ainda maior: 1.260 bolsistas têm famílias com bens acima de R$ 1 milhão .
O relator do processo, Gerson dos Santos Ricca , destacou que, se não houver erros de preenchimento, é incongruente que famílias com grandes imóveis, rendas de aluguel, empresas ou aplicações financeiras se enquadrem nos critérios de renda baixa exigidos pelos programas.
Inicialmente, o TCE identificou 18.383 indícios de irregularidades , que após refinamento, foram reduzidos para 16.693 inconsistências nas inscrições. Os dados já foram encaminhados à Secretaria de Estado da Educação e ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) para apuração.
O governo estadual informa que ainda não recebeu oficialmente o relatório completo , mas já intensificou a fiscalização. Foi lançado um Disque-Denúncia (0800-644-8500) e uma nova ferramenta digital que permite detectar inconsistências em menos de 24 horas , inclusive compartilhada com a Polícia Civil.
Imagem: Marco Favero/Secom – Reprodução