
O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) voltou a ligar o sinal de alerta sobre o fortalecimento do crime organizado na Amazônia Legal. Segundo ele, a facção venezuelana Tren de Aragua tem ampliado sua atuação nas regiões de floresta, especialmente em áreas de garimpo ilegal, rotas fluviais e zonas de desmatamento, explorando o enfraquecimento da presença estatal e ocupando espaços antes controlados por grupos locais.
Rodrigues afirmou nesta sexta-feira (5) que o avanço da facção representa risco direto à soberania nacional e exige resposta imediata do Congresso e das forças de segurança. “Se não houver ação firme, essa organização criminosa pode se infiltrar de maneira agressiva em todo o território brasileiro. Precisamos restabelecer a autoridade do Estado e garantir proteção à população”, declarou.
Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública reforça a preocupação: facções já atuam em 344 dos 772 municípios da Amazônia Legal — um crescimento de 32% em comparação ao ano anterior. Além do Tren de Aragua, grupos como PCC e Comando Vermelho se conectam a crimes ambientais, tráfico de drogas e exploração ilegal de recursos, formando redes que se estendem por reservas indígenas e áreas remotas da floresta.
O senador também defendeu a urgência na aprovação do PL Antifacção (PL 5.582/25), que endurece regras de combate às organizações criminosas. Ele criticou alterações feitas na Câmara, que, segundo ele, reduzem a eficácia das operações policiais. “O projeto é essencial para dar suporte legal, inteligência e mecanismos modernos de enfrentamento. Mas também precisamos reconstruir a presença do Estado onde ele foi afastado pelo crime”, ressaltou.
O Tren de Aragua, surgido na prisão venezuelana de Tocorón, tornou-se uma das facções transnacionais mais violentas do continente. A partir da crise migratória venezuelana, expandiu-se rapidamente pela América do Sul, operando hoje em países como Chile, Colômbia, Peru e Equador. No Brasil, relatórios apontam atuação em Roraima, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro, com foco em extorsão, tráfico de pessoas, exploração sexual e apoio a redes de tráfico de drogas e armas.
Investigações também indicam que o grupo já se infiltra no sistema prisional brasileiro e mantém cooperação com facções nacionais, especialmente nas regiões de fronteira.
Imagem: PF
