
O tradicional rugido dos motores encheu os arredores da Igreja Matriz de Indaial neste domingo (27), mas o som que ecoou mais alto nas redes sociais foi o da controvérsia em torno da motociata religiosa organizada pelo padre João Backman. O evento, que há anos celebra o Dia do Motociclista com missa e bênçãos, transformou-se em um verdadeiro campo de batalha de opiniões entre defensores da tradição e adeptos da ordem pública.
Desde as primeiras horas da manhã, centenas de motociclistas começaram a se concentrar no local. O padre Backman, figura carismática e conhecida pela proximidade com a comunidade motociclista, conduziu uma missa especialmente dedicada aos frequentadores das estradas, abençoando cada moto como se fosse um fiel participante de um ritual secular.
O cenário, no entanto, rapidamente se transformou em um verdadeiro caos sonoro quando as centenas de motocicletas começaram a deixar o local em procissão.
A Polícia Militar, ciente da magnitude do evento e da crescente reclamação dos moradores, acionou uma força-tarefa especial que acompanhou a motociata por todo o percurso. Equipados com equipamentos de medição sonora e formulários de infração, os policiais mantiveram-se vigilantes, aplicando mais de 200 multas por diversos motivos: escapamentos irregulares, excesso de velocidade, conduta perigosa e, principalmente, perturbação da tranquilidade pública.
O debate ganhou proporções maiores quando especialistas em direito administrativo e representantes da Igreja começaram a se posicionar. Enquanto alguns juristas defendiam o equilíbrio entre liberdade cultural e ordem pública, outros questionavam se eventos religiosos deveriam ser tratados com maior tolerância pelas autoridades.
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