
Iniciativa em Palhoça capacita presos para o mercado de trabalho e reforça a liderança de Santa Catarina na produção e exportação de embarcações.
Na Colônia Penal Agrícola de Palhoça, na Grande Florianópolis (SC), 60 detentos participam de um projeto de ressocialização que os insere diretamente em uma das maiores cadeias produtivas do estado: a indústria náutica. Eles atuam na fabricação de iates de luxo, produzidos com alto padrão de qualidade e destinados tanto ao mercado nacional quanto ao exterior.
O projeto, promovido pela Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social (Sejuri), é considerado referência nacional. A iniciativa capacita os internos profissionalmente, com o objetivo de prepará-los para o retorno à sociedade.
Segundo a secretária da pasta, Danielle Amorim Silva, a reinserção dos apenados no mercado de trabalho é essencial. “Eles estão privados de liberdade temporariamente. Quando saírem, estarão aptos a exercer uma profissão e contribuir com a sociedade”, destacou.
Parceria com a indústria naval
Os presos trabalham em uma empresa naval da região, de segunda a sexta-feira, graças a uma parceria público-privada estabelecida por meio de processo seletivo. O nome da empresa não foi divulgado. Eles são responsáveis pela construção da parte externa das embarcações — o acabamento interno é realizado pela empresa em outra unidade.
Para integrar o projeto, os detentos devem ter bom comportamento e são avaliados por uma comissão técnica composta por psicólogo, assistente social, diretor da unidade e chefe de segurança.
Cada participante recebe um salário mínimo (atualmente R$ 1,5 mil). O valor é dividido da seguinte forma: 50% vai para a família do detento, 25% cobre parte dos custos de sua permanência no sistema prisional e os 25% restantes são depositados em uma poupança, liberada somente após o cumprimento da pena.
Em média, são produzidas 10 embarcações por mês na unidade.
Santa Catarina: potência náutica e modelo de ressocialização
O projeto teve início em 2016 e cresceu junto com o setor náutico em Santa Catarina. De acordo com a Associação Náutica Brasileira (Acatmar), o número de empresas do segmento aumentou 110,8% no estado na última década. Santa Catarina é responsável por 70% da produção nacional de embarcações e por 60% das exportações brasileiras do setor.
Atualmente, 30% da população carcerária catarinense — cerca de 8.400 detentos — participa de atividades laborais remuneradas. Além da construção naval, os presos atuam em outras áreas industriais, como montagem de eletrônicos, confecção de uniformes e produção de móveis.
Em 2024, o trabalho prisional gerou R$ 28 milhões em receita no estado. Para a secretária Danielle Amorim, essas iniciativas têm impacto direto na segurança pública. “Muitos produtos que usamos em casa foram feitos por mãos que hoje buscam uma nova chance dentro das unidades prisionais de Santa Catarina”, afirmou.

Foto: MFX/ Governo de SC/ Divulgação
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