
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (20) a suspensão da tarifa adicional de 40% aplicada desde agosto a diversos produtos brasileiros. A revogação, oficializada por uma nova ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump e publicada no site da Casa Branca, vale de forma retroativa a 13 de novembro e contempla itens como carnes, café, frutas tropicais, especiarias, minerais e até produtos de uso religioso.
De acordo com o documento, a decisão reflete o “progresso inicial” nas tratativas entre Washington e Brasília. As negociações começaram em 6 de outubro, após uma ligação entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No fim do mês, ambos se encontraram na Malásia, durante a 47ª Cúpula da ASEAN, onde conversaram por quase uma hora. Segundo o texto, determinadas importações brasileiras deixaram de representar risco à segurança nacional americana.
A retirada da sobretaxa beneficia carnes bovinas frescas, congeladas e resfriadas, além de cortes miúdos. Produtos agrícolas de grande peso na pauta brasileira, como café, castanhas, açaí, banana-da-terra, manga e abacate, também entram na lista. Especiarias como gengibre, cúrcuma e noz-moscada, assim como incensos, óleos essenciais, combustíveis, minérios e fertilizantes, foram igualmente contemplados. A alfândega americana foi autorizada a reembolsar tarifas pagas sobre cargas que entraram no país desde 13 de novembro.
A reversão atende a forte pressão interna: desde a imposição das tarifas, os preços de alimentos nos EUA subiram significativamente — o café em pó encareceu quase 20% em um ano, a carne bovina 14% e a banana 7%. Com inflação acima da meta e desemprego em 4,3%, a política tarifária vinha desgastando a popularidade de Trump e impactando eleições locais recentes.
Além disso, relatórios do Departamento de Comércio apontam queda de 5,1% nas importações em agosto, reflexo direto das sobretaxas. Empresas americanas, ao repassar custos, aumentaram a pressão sobre consumidores e importadores, elevando a instabilidade do mercado. A política ainda será analisada pela Suprema Corte, que avalia se Trump ultrapassou seus limites legais ao impor as tarifas.
Imagem: Ricardo Stuckert/PR
