
Uma paralisação dos trabalhadores dos Correios já começa a impactar diretamente o atendimento e a distribuição de encomendas em Santa Catarina. A greve foi aprovada em assembleia estadual realizada na noite de terça-feira (16) e teve início às 22h, com duração por tempo indeterminado. O movimento é organizado por sindicatos da categoria e integra uma mobilização de alcance nacional.
Em municípios catarinenses, os reflexos foram imediatos. Em Concórdia, no Oeste do Estado, a adesão foi quase total. Conforme o sindicato local, apenas um servidor seguiu atendendo o público nas agências, enquanto os profissionais responsáveis pelas entregas suspenderam as atividades, comprometendo a circulação de cartas e encomendas.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram assembleias cheias e discursos de lideranças sindicais. Em um dos vídeos, um funcionário com 14 anos de atuação na empresa critica a gestão da estatal, aponta sucateamento dos serviços e convoca a categoria a reforçar os piquetes. Ele também relaciona o movimento à preocupação com a precarização do trabalho e à possibilidade de privatização.
A greve ocorre em meio a uma crise financeira enfrentada pelos Correios. Após anos de resultados positivos, a estatal passou a registrar prejuízos bilionários. Até setembro, o déficit acumulado teria alcançado R$ 6,1 bilhões, levando a empresa a recorrer a empréstimos como parte de um plano de reestruturação em discussão no Ministério da Fazenda.
A direção dos Correios afirma que o cenário financeiro limita a concessão de novos benefícios. As negociações seguem sob mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), mas ainda não houve consenso. A empresa aceita discutir reajuste inflacionário, porém rejeitou reivindicações consideradas centrais pelos trabalhadores, o que motivou a manutenção da paralisação.
Entre as principais pautas estão reajuste salarial, preservação de benefícios, adicional de férias, pagamento diferenciado aos fins de semana e a criação de um vale extra. Enquanto a greve persistir, a orientação em diversas cidades é que a população evite procurar as agências, já que os serviços seguem reduzidos e sujeitos a atrasos.
Imagem: Cadu Rolim/Fotoarena / Reprodução
