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O Parlamento da Coreia do Sul aprovou neste sábado (14) o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, 11 dias após ele declarar lei marcial em uma tentativa frustrada de consolidar poder. A votação resultou em 204 votos favoráveis e 85 contrários, superando o mínimo de 200 votos necessários dos 300 assentos da Assembleia Nacional. Três parlamentares abstiveram-se e outros oito anularam seus votos.
Yoon, que havia recorrido à medida extrema em meio a alegações de irregularidades nas eleições legislativas de abril, perdeu o apoio até de aliados. A declaração de lei marcial, feita na noite de 3 de dezembro, suspendeu direitos civis, proibiu atividades políticas e trouxe tropas militares às ruas da capital, Seul, gerando críticas generalizadas. O autogolpe foi rapidamente rejeitado pelo Parlamento em votação unânime, mesmo sem a participação de membros do partido governista.
Reação e Consequências
Após o anúncio do impeachment, Yoon afirmou que não desistirá. “Estou frustrado que nossos esforços estejam sendo desfeitos, mas não renunciarei”, declarou, mencionando seu compromisso com os dois anos e meio de governo que teve com o povo. Sua permanência no cargo já era insustentável, agravada por investigações da polícia e protestos massivos pedindo sua saída.
O primeiro-ministro Han Duck-soo assume interinamente as funções presidenciais, como prevê a Constituição sul-coreana. Se o impeachment for confirmado pela Corte Constitucional, o que é esperado, o país terá 60 dias para realizar novas eleições presidenciais.
Crise Interna e Ameaças Externas
O impeachment gerou comemoração entre manifestantes favoráveis, que enfrentaram o rigoroso inverno para acompanhar a votação. O líder da oposição, do Partido Democrático, celebrou o desfecho, atribuindo o resultado à pressão popular.
Internamente, a crise política também desencadeou tensões no governo. A polícia chegou a tentar realizar buscas no gabinete presidencial, sendo impedida pela equipe de segurança de Yoon. Além disso, o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, preso desde o dia 8, tentou cometer suicídio na prisão.
O ministro interino da Defesa, Kim Seon-ho, pediu que as Forças Armadas permaneçam em alerta máximo, temendo que a Coreia do Norte aproveite a instabilidade política no vizinho para ações hostis.
A Trajetória de Yoon Suk Yeol
Ex-promotor de Justiça e uma figura proeminente na política sul-coreana, Yoon foi eleito em 2022 com uma plataforma conservadora, em uma das disputas mais acirradas da história do país, vencendo com apenas 0,73% de vantagem. Sua queda marca o segundo impeachment de um presidente sul-coreano nos últimos anos; o primeiro foi em 2017, quando Park Geun-hye foi destituída por um escândalo de corrupção investigado pelo próprio Yoon enquanto promotor.

Foto: Jung Yeon-Je/AFP-14-dez-24.