
Um estudo recente trouxe à tona evidências surpreendentes: comunidades de caçadores-coletores pré-neolíticos, no sul da China e em regiões do Sudeste Asiático, já dominavam técnicas de mumificação por defumação muito antes dos faraós egípcios.
De acordo com a pesquisa publicada na revista PNAS, ossadas encontradas em 95 sítios arqueológicos revelam que esses povos preservavam seus mortos por meio da exposição à fumaça, um processo que poderia durar meses, secando lentamente a pele e os tecidos antes do sepultamento.
O registro mais antigo identificado data de aproximadamente 14 mil anos, no final do Pleistoceno, tornando-se o caso mais remoto de mumificação artificial já documentado. Diferentemente das práticas egípcias, esses corpos não eram lacrados em sarcófagos, mas colocados em covas, abrigos rochosos ou diretamente no solo, o que explica a preservação parcial até hoje.
As descobertas mostram que os mortos eram posicionados em posturas encolhidas ou acocoradas, muitas vezes com marcas de queimaduras, evidenciando a técnica de defumação. Esse ritual refletia não apenas um processo técnico, mas também um profundo vínculo cultural e espiritual, já que familiares dedicavam até três meses para acompanhar todo o procedimento.
Segundo a pesquisadora Hsiao-chun Hung, que liderou o estudo, a prática demonstra “um impulso humano universal: o desejo de manter os entes queridos presentes, mesmo após a morte”.
👉 Essas evidências colocam a tradição asiática como anterior não só à egípcia, mas também à famosa cultura Chinchorro, no Chile, que já era considerada uma das pioneiras na arte de mumificar os mortos.
Imagem: Hung et al., PNAS, 2025