
Nos Estados Unidos, empresas emergentes — com destaque para aquelas focadas em inteligência artificial — vêm aderindo ao rigoroso modelo de trabalho chinês conhecido como “996”, no qual a jornada se estende das 9h às 21h, seis dias por semana, totalizando 72 horas. Esse formato, que já provocou intensos protestos na China, ressurge agora impulsionado pela corrida por inovação e pela disputa acirrada por espaço no cenário tecnológico global.
De acordo com relatos de fundadores e recrutadores, o 996 já é exigência em processos de seleção, mesmo diante de riscos legais e acusações de abusos trabalhistas, sobretudo em estados como a Califórnia, onde a legislação é mais rígida.
Empresas como a Rilla deixam explícito que esperam comprometimento extremo de seus colaboradores, oferecendo benefícios como refeições diárias e incorporando o 996 à própria cultura corporativa. Enquanto alguns líderes defendem que tamanha dedicação deveria se restringir aos fundadores, outros tentam compensar o esforço com bônus salariais e participação nos lucros.
Essa tendência marca uma transformação na mentalidade empresarial: o ideal de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, fortalecido após a pandemia, perde espaço para uma nova exaltação da dedicação ininterrupta — inspirada em figuras como Elon Musk, Steve Jobs e até o astro do basquete Kobe Bryant.
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