
Nesta sexta-feira (29), o dólar alcançou R$ 6,10, o maior valor nominal já registrado, superando os picos anteriores observados durante a pandemia. A moeda americana vem subindo em meio à reação negativa do mercado ao pacote econômico anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que incluiu um corte tímido de gastos e a isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5.000.
Apesar do recorde nominal, o valor real, ajustado pela inflação do Brasil e dos Estados Unidos, está abaixo do pico registrado em setembro de 2002. Naquele período, a moeda americana chegou a R$ 8,76 em valores corrigidos, refletindo o pânico do mercado com a possibilidade da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.
Em 2002, a instabilidade era alimentada por uma economia fragilizada, com inflação de dois dígitos e o Brasil perdendo seu status de mercado seguro para investimentos. Além disso, a disputa eleitoral aumentava a tensão, com Lula liderando as pesquisas e conquistando a presidência em outubro daquele ano.
Desde 1999, quando o governo Fernando Henrique Cardoso abandonou a política de paridade cambial, o dólar apresentou flutuações históricas marcantes. Durante a pandemia de 2020, por exemplo, o valor real corrigido da moeda chegou a R$ 6,72, destacando-se como o segundo maior valor desde o início do regime de câmbio flutuante.
Curiosamente, o menor valor real da moeda americana foi registrado em julho de 2011, também sob o governo de Lula, quando o dólar ajustado chegou a R$ 2,31. Esse cenário foi favorecido pela alta nos preços das commodities e pelo aumento de investimentos estrangeiros no país, refletindo o momento de tranquilidade econômica.
A recente valorização do dólar reforça os desafios econômicos do Brasil e as incertezas do mercado, que segue atento às medidas do governo para estabilizar a moeda e garantir a confiança dos investidores.
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