
Em julho, o preço médio da carne para churrasco atingiu US$ 11,87 por libra — o equivalente a quase R$ 150 o quilo, o maior valor já registrado. Apenas em um mês, a alta foi de 3,3%, e no acumulado de seis meses chegou a 9%. A carne moída, pilar da indústria de hambúrgueres, também disparou: 15% de aumento no mesmo período, alcançando aproximadamente R$ 75 o quilo.
Especialistas classificam o cenário como uma “tempestade perfeita”. Três fatores simultâneos desestabilizaram o setor: a seca prolongada que reduziu drasticamente os rebanhos; as restrições sanitárias ao gado do México, após surtos da “bicheira do Novo Mundo”; e o tarifaço de 50% sobre a carne brasileira, medida que deve retirar cerca de 180 mil toneladas do mercado americano até 2026.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo, pela terceira vez em 2025, a previsão de produção doméstica: agora são 25,9 bilhões de libras, queda de 4% em relação ao início do ano. O motivo está na diminuição do número de animais, no menor peso médio do gado e no aumento dos custos para os pecuaristas.
Com menos oferta interna e restrições externas, o impacto chega direto ao consumidor. Cortes tradicionais e acessíveis passaram a ser vistos como produtos de luxo, e até a carne moída passou a pesar no orçamento familiar. Analistas alertam que a pressão nos preços pode se estender por mais de um ano, enquanto o país tenta recompor seus rebanhos e buscar novos fornecedores.
Num país em que o churrasco no quintal e o hambúrguer são símbolos culturais, a disparada nos preços da carne atinge não apenas o bolso, mas também a identidade alimentar dos norte-americanos.
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