
Tadeu José de Andrade, policial militar da reserva, foi nomeado coordenador das Juntas Administrativas de Recursos e Infrações (Jari) pela gestão do prefeito Robison Coelho (PL) em Itajaí. O cargo, responsável por julgar recursos de multas de trânsito, gerou controvérsia, já que Andrade possui uma condenação em segunda instância por crime de tortura, atualmente em fase de recurso.
Tadeu foi acusado, em 2011, junto a outros dois policiais, de torturar três pessoas — dois homens e uma mulher — com agressões físicas, como chutes, pontapés e uso de pistola taser. Segundo a denúncia do Ministério Público, até mesmo uma criança teria sido submetida a choques elétricos durante o episódio.
Em 2023, o ex-PM esteve novamente no centro de polêmicas ao coordenar uma operação clandestina que transferiu mais de 30 pessoas em situação de rua de Itajaí para Balneário Camboriú. A ação, realizada sem autorização formal, envolveu viaturas da Polícia Militar e gerou repercussão nacional após imagens mostrarem os deslocados caminhando em fila pela BR-101. Após a investigação da Corregedoria da PM, Tadeu foi preso, mas acabou liberado semanas depois e se aposentou.
A legislação de Itajaí estabelece que membros das Jaris devem ter ficha limpa na Justiça. O artigo 8º da norma que regula a instituição proíbe a participação de pessoas com pendências criminais ou administrativas. Apesar disso, Tadeu foi nomeado para o cargo.
Posicionamento da Prefeitura de Itajaí
Em nota, a prefeitura afirmou que exige, entre outros documentos, um atestado de antecedentes criminais que comprove a ausência de condenações definitivas para os candidatos.
“A prefeitura reafirma seu compromisso com a transparência e a imparcialidade no processo de seleção dos membros das Jaris, visando assegurar que todos os envolvidos estejam plenamente capacitados e qualificados para desempenhar suas funções de maneira justa”, destacou o comunicado.
A nomeação gerou questionamentos, uma vez que a condenação de Andrade, embora em recurso, já é pública e envolve acusações graves. A polêmica coloca em foco os critérios de escolha para cargos públicos na cidade.
Imagem: Reproduçao