
Um episódio ocorrido no Cemitério Cristo Rei, em Taió, gerou desconforto entre moradores e repercussão nas redes sociais. Na madrugada de domingo (10) para segunda-feira (11), foram encontradas oferendas e elementos ritualísticos dentro do local, que é administrado pela Igreja Católica.
O caso ganhou destaque após a recente polêmica envolvendo o influenciador Loli Gebien, que removeu uma oferenda em um cemitério de Timbó durante o Dia dos Pais.
O significado espiritual e religioso dos rituais
De acordo com as tradições afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, os cemitérios são locais de profundo valor simbólico, considerados pontos de conexão entre o mundo físico e espiritual. É comum que nesses espaços sejam deixadas velas, bebidas, charutos, flores e alimentos como forma de reverência a entidades espirituais, como Exus, Pombagiras e Pretos Velhos.
No entanto, o trabalho registrado em Taió apresentou elementos incomuns, como duas cabeças de porco amarradas — uma macho e outra fêmea — associadas, segundo a crença, a rituais para unir casais separados por feitiçaria. Havia ainda vela vermelha (simbolizando a chama da paixão), laranja (associada à prosperidade e ao prazer), pimentão (para acelerar o retorno de um amor), bebida alcoólica (usada para descarrego e oferenda) e cigarro (canalizador de energia e meio de comunicação espiritual).
A legislação brasileira assegura às religiões afro-brasileiras o direito de realizar cultos e rituais em cemitérios públicos ou privados, desde que respeitem leis e terceiros. No entanto, em cemitérios confessionais, como o Cristo Rei e o Evangélico de Taió, a autorização cabe exclusivamente à instituição religiosa responsável.
Predominantemente cristã, a população local reagiu com estranhamento e desconforto à presença das oferendas, levando o caso ao conhecimento das autoridades para avaliação.
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